
Nunca te questionaste: 'Porque é que compro tantas coisas, que acabam por não me satisfazer a nível emocional?' 'Porque é que compro, muitas xs sem pensar no porquê de comprar?'. A resposta é simples, e clara: o idealismo do consumo está impregnado na nossa sociedade, de tal forma que é muito difícil combatê-lo.
O consumismo actual é resultado desta nova sociedade, necessitada de materiais para satisfazer a sua supérfula essência. Podemos até dizer que o consumismo é o lazer de todos, o disfarce de todos, mas, principalmente, é o pilar da (suposta) evolução.
Mas o consumismo não existe por mero acaso. É, digamos, 'provocao' por pessoas que têm interesse em vender os seus produtos. Esta idealização foi iniciada e é continuada graças a uma técnica manipuladora: a publicidade. A publicidade, após vários anos de estudos a nível de psicologia, está cada vez mais tentadora, e acaba por desencadear esta vontade constante de consumir.
Basta olharmos para o que nos rodeia: nos placares das ruas, na televisão, na rádio, nos jornais, nas revistas, e podemos aperceber-nos que a publicidade 'não nos larga', tal como a necessidade de consumir,cada vez mais. Onde quer que estejamos, ou estamos a consumir, ou com vontade de o fazer, ou estamos a usufruir dos serviços de produtos já consumidos.
Mas o problema não é só a publicidade, e não se pode atribuir-lhe a culpa do pensamento consumista, em exclusivo. A formação dos indivíduos na sociedade, neste caso, a má formação em termos financeiros, contribui e bastante para o consumismo assumir o papel importante que actualmente assume, no dia-a-dia de cada um.
Marcuse, um psicólogo frankfurtiano que assistiu à prosperidade económica que se seguiu à II Guerra Mundial, nos anos 60, ao observar o consumismo da época, disse que a sociedade era constituída por 'homens unidimensionais', designação atribuída devido aos comportamentos consumistas da população. Para Marcuse, esses homens eram resultado do desenvolvimento de falsas necessidade psicológicas, trazidas à vida pela tecnologia. Os homens identificam-se com aquilo que compram.
Marcuse diz-nos também que a necessidade de consumir pode criar euforia, mas temporárira. No final, restará a infelicidade. Esta necessidade de consumo deriva de um sentimento de vazio dos indivíduos, que faz com que estes entrem num ciclo vicioso, em que consomem para serem felizes, e conseguem-no, por momentos, mas, após esse breve momento, sentem-se infelizes e investem em novos produtos para tentar esconder esse sentimento de infelicidade/tristeza/vazio, novamente, e assim sucessivamente.
O problema nesta situação não é só a ligação dentro de famílias (que é notoriamente afectada). O problema é que esta necessidade leva muitas pessoas à ruína financeira. Têm vontade de possuir TUDO, de demonstrar que têm um estatuto social elevado, independentemente do seu preço. E, para poderem obter o que querem, recorrem a créditos, que são cada vez mais facilmente cedidos, mas também com taxas de juro cada vez maiores( essa informação encontra-se nas letras pequenas, nos anúncios, e são chamadas TAEG). Vão acumulando, acumulando até que chegam a um determinado ponto em que não têm qualquer tipo de possibilidade de pagar as suas dívidas, o que faz com que as finanças realizem as penhoras. Os materiais, que tanto desejaram, e tanto dinheiro dispendiaram para possuir, são lhes tirados para tentar liquidar a dívida. Ficam sem carro, sem casa, chegando muitas a ficar sem nada.
Em Portugal, em menos de duas décadas, o peso das dívidas no rendimento disponível passsou de 19,5% em 1990, para 124% em 2006, enquanto que a taxa de poupança caiu de quase 20% para 8,3%, a mais baixa da UE. Mas o problema não é só em Portugal. Este fenómeno é observável em vários países ricos, como os EUA, Holanda, entre outros.
Porugal é também o quarto país da Europa em que mais se utilizam os cartões Visa. Por cada 100 euros gastos, quase 22 euros são pagos com cartão de crédito, o que coloca os portugueses apenas atrás da Islândia, Noruega e Reino Unido. Isto demonstra que os portugueses estão a aderir, cada vez mais, aos crédito, ficando por vezes, desnecessariamente, endividados.
Estamos a ser constantemente 'bombardeados' por coisas,promoções, preços, e o nosso estilo de vida está a ser terrivelmente afectado. A pressão que nos é imposta pela publicidade, e até pela própria sociedade, faz-nos agir de uma forma que provavelmente agíriamos se tal não acontecesse. O consumismo faz parte da nossa vida, e com ele todas as cosequências negativas: falta de comunicação e de união familiar, endividamento e mesmo ruína financeira, utilização excessiva de recursos naturais (árvores, água, petróleo, entre outros). Só que isto não parece mudar o pensamento da sociedade. Continuam todos a consumir desmesuradamente, porque o consumismo se tornou, para elas, uma coisa perfeitamente banal, e preenche (supostamente) o vazio na vida daqueles que o praticam.
Encontramo-nos, actualmente, na guerra do consumismo, e surpresa das surpresas: estamos a perder!